Por Aí

Patrícia Ferraz dá dicas para deixar a sua experiência gastronômica mais saborosa


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Comida brasileira criativa e autoral

Luiz Felipe Souza, do estrelado restaurante Evvai, é o chef-consultor do restaurante Y, no Hotel das Cataratas, a Belmond Hotel, em Foz do Iguaçu

Seria exagero dizer que Luiz Felipe Souza descobriu o Brasil. Seu premiado Evvai, classificado com uma estrela Michelin, combina a cozinha brasileira e a italiana com primor. Mas o fato é que o chef passou os dois últimos anos às voltas com pesquisas de tradições, e produtos da culinária de Norte a Sul do País, para colocar em prática um projeto novo e desafiador: o restaurante Y, do Hotel das Cataratas, a Belmond Hotel (@belmondhoteldascataratas).

Batizado com o fonema guarani que representa a água – pronuncia-se ii –, o restaurante localizado dentro do Parque Nacional de Foz do Iguaçu, acaba de abrir as portas com o paulistano como chef-consultor. A convite do hotel, Paladar participou do primeiro jantar, na semana passada. Foi memorável.

O programa começa no terraço, às 18h, com uma experiência única: a vista para as cataratas, Patrimônio Natural da Humanidade, ao pôr-do-sol e com o som das águas ao fundo…

Peça um acerola spritz e prove torradinhas com fígado de galinha, cupuaçu e mel de abelhas nativas; o pastel de palmito com molho lambão e a chipa com toucinho e pimenta. Os petiscos dão mostra do que está por vir: comida brasileira criativa, contemporânea e autoral com toques de humor ao estilo do chef.

Um dos grandes momentos do jantar no Y é o ovo de ouro servido na entrada: cozido e com a superfície tingida de dourado, vem com a gema mole que escorre sobre um creme de mandioca e tucupi Foto: Felipe Vasconcellos

O menu-degustação de nove tempos (R$ 495) é servido no belo restaurante de paredes verdes, móveis antigos de madeira e cestaria. O primeiro grande momento é o ovo de ouro: cozido e com a superfície tingida de dourado, vem com a gema mole que escorre sobre um creme de mandioca e tucupi. De raspar o prato. A casquinha de siri é surpreendente: traz os elementos e o sabor que se espera, mas em vez da casquinha, a carne de siri é decorada por um crocante em forma de siri, feito com leite de coco e amido de milho desidratado.

Assim como no Evvai, cada prato chega com explicações em um cartão desenhado pelo chef.

Para encerrar os salgados, camarão carabineiro na brasa com moqueca capixaba e a “feYjoada”, a espuma de feijoada com pedaços de toucinho, coberta com ar de couve e couve crocante.

As sobremesas de Bianca Mirabili incluem um refrescante sorbet de caju amigo, com passa de caju em compota e bolo de rolo com requeijão e agrião.

Com céu limpo e noite estrelada reserve lugar no Céu da Catarata para um encontro astronômico: em uma espreguiçadeira, com uma manta e uma taça de vinho, você ouve o astrônomo Janer Vilaça falar de constelações, planetas e asteróides. Programão.

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Comida, bebida e ambiente descontraído de praia

Conheça o restaurante Atlântico 212 em Pinheiros

Não sei se o Atlântico 212 é um restaurante com jeito de boteco ou um boteco com comida de restaurante. Tanto faz. O que vale é que a nova casa na rua dos Pinheiros oferece excelente combinação de comida, bebida e ambiente descontraído que faz a gente se sentir na praia – o.k., exagerei um pouco, a elegância discreta das paredes de fulget, bancadas de rádica e luminárias Wentz estão a milhas náuticas de um boteco de praia qualquer. Talvez o clima litorâneo do novo empreendimento do fotógrafo Victor Collor e do chef Stefan Weitbrecht, donos também do Cozinha 212 ali pertinho, venha do salão sem paredes externas, escancarado para a última esquina da rua, com jeito de que logo logo terá mesas na calçada…

O negócio ali são peixes, moluscos e crustáceos frescos (alguns curados ou defumados) vindos de diferentes partes do litoral brasileiro. Comece pelo balcão de ostras, que funciona direto, do meio-dia à meia-noite. As ostras vêm de Santa Catarina, Cananéia e Rio Grande do Norte e são servidas em duplas, com o clássico mignonette, molho a base de cebolinha picada, pimenta e vinagre (R$ 18). Também vale provar as vieiras de Ilhabela, fresquinhas, que chegam na concha com delicioso dashi cítrico (R$ 54, a dupla). O carpaccio de lagostim (batidinho) com lâminas de tomate e shiso é imperdível (R$ 52). A praça fria tem nove itens ao todo, entre eles o crudo de atum com straciatella e pedacinhos de laranja (R$ 38). Para compartilhar, a tábua do projeto A.Mar (R$ 68) com bottarga, aliche, sardella e peixes defumados elaborados a partir de peixes pescados artesanalmente por comunidades de Ilhabela, num trabalho relevante de capacitação de pescadores.

Sanduíche aberto nórdico, smorebrott, com camarão, maionese, dill e pão de grãos  Foto: Victor Collor

A seção aperitivos combina diferentes sotaques, do sanduíche aberto nórdico, smorebrott, com camarão, maionese dill e pão de grãos (R$38), ao japa katsu sando (R$ 48), passando pelo filet o fish, um brioche pequeno, com filet de peixe empanado e queijo cheddar (R$ 38). Para dividir, marisco sernambi lambe-lambe, com molhinho picante servido com fatias de pão pra não desperdiçar nem um pouquinho(R$ 36).

O arroz com camarão e linguiça, que ganha sabor num refogado levemente picante, vem coberto por uma omelete molinha…(R$ 72). Não provei, mas coloquei na lista de desejos os noodles com lagostim (R$ 84). Também tem prato do dia, o de quinta-feira é arroz de frutos do mar como ovo frito (R$ 68).

Para beber, coquetéis autorais e a promessa de clássicos – “consulte, clássicos são clássicos” –, além de vinhos e saquês.

Rua dos Pinheiros, 70. Terça a sábado das 12h às 24h. Domingo, até às 18h

17/04/2024, | 22h00

O Barouche, na Vila Madalena, é um misto de bar, café e livraria

Não deixe de provar um dos melhores sanduíches da cidade

O Barouche é um misto de bar, café e livraria que você precisa conhecer. Foi inaugurado no fim do ano passado, na Vila Madalena, num lugar simpático com mesas na varanda, algumas na calçada, e a cozinha aberta. Mas além do ambiente acolhedor, com livros de arte e arquitetura nas prateleiras, as atrações ali são ótima comida e drinques criativos.

O cardápio é assinado por Rodrigo Felício – lembra do Capivara, na Barra Funda, um restaurante descolado que fez grande sucesso até fechar em 2019? Pois os donos do Barouche, Priscila e Paulo Velasco, eram frequentadores do Capivara e convidaram Rodrigo para criar os pratos do bar. Ele fez uma seleção enxuta e deliciosa (provei quase tudo…).

Canapés variados servidos no Barouche, na Vila Madalena Foto: Fabiana Kocubey

Não deixe de pedir o ovo cozido com gribiche (aquele parente do molho tártaro, com maionese, picles e alcaparras). Vem sobre uma torradinha de pão de fermentação natural: o molho, o ovo cozido com a gema mole cortado ao meio e, por cima, uma anchova do Cantábrico em conserva (R$ 48, 2 unid). O cardápio tem um crudo de peixe – todo cardápio agora tem o seu, já reparou? Mas esse não é só mais um crudo, é uma bela combinação de fatias de carapau cru, com um molho feito com a carcaça do peixe, groselha do Ceilão (bem ácida) e bottarga. Um show (R$ 58). E sabe o que ele faz com as aparas do peixe? Uma rillette, servida com guanciale e erva doce, pra comer com torradinhas (R$ 48). Outra boa pedida é a folha de radicchio recheada com pecã, queijo de ovelha e vinagrete de avelãs (R$ 54). O club sandwich é um dos melhores da cidade. Para começar, três fatias de brioche fininhas, intercaladas por peito de frango tostado na manteiga e óleo de pimenta, tomate, alface, pancetta tostada (R$ 54).

Na sobremesa, para não ter dúvida, peça as duas! Brioche caramelizado com sorvete de pecã e araçá (R$ 44) e um affogato estilizado com sorvete de nata, café Tocaia, biscoito amanteigado e cereja amarena (R$ 40).

A carta de drinques, assinada por Danilo Nakamura, traz boa seleção de clássicos e autorais, como o Kate Moss (R$ 44) espresso martini com pimenta-do-reino, grappa, levemente adocicado. E uma mistura de cachaça, cítricos, Jerez, vermute de frutas e ervas brasileiras (R$ 45) que some do copo num piscar de olhos.

O Barouche (pronuncia-se como se lê) nasceu no Largo do Arouche (daí o nome) e funcionou no Centro de 2016 a 2019. Em 2018, os donos abriram o Barouche Pipoca, no cinema de rua Cinesala, em Pinheiros, com cardápio de sanduíches e drinques. E há quatro meses está na cada vez mais gastronômica Medeiros de Albuquerque. Funciona direto, com o mesmo cardápio, das 15h às 23h

Rua Medeiros de Albuquerque, 401, Vila Madalena. Funcionamento: Terça a sábado, das 15h às 23h. Reservas via Get In. Instagram: @barouche.sp

10/04/2024, | 22h00

Novo restaurante Charlô abre em Pinheiros

Ambiente elegante é assinado pelo arquiteto Arthur Casas

O restaurante Charlô, no térreo do Pulso Hotel, não deixa qualquer espaço para saudosismo — mesmo para quem, como eu, frequentava o bistrô de Charlô Whately na Barão de Capanema desde o início, nos anos 80, quando era um lugar apertadinho e concorrido, com as comidas expostas sobre o balcão e o dono da casa era “um tal de Charlô que morou em Paris e começou fazendo patês”. Depois de 30 anos, o restaurateur e banqueteiro é uma das figuras mais conhecidas da gastronomia paulistana — e seu restaurante acaba de mudar de endereço.

O novo Charlô, aberto oficialmente na terça-feira, é bárbaro. Amplo, contemporâneo, com pé direito alto e paredes de vidro cercadas por plantas, cozinha à vista, móveis em tons de cinza e bege, sofás com encosto de couro caramelo. Projeto elegante e de bom gosto de Arthur Casas, responsável também pela arquitetura e design de interiores do primeiro hotel de luxo do grupo Estanplaza, na rua Henrique Martins.

Carpaccio de vieiras, avocado e wasabi do Bistrô Charlô Foto: Taba Benedicto/Estadão

O cardápio é variado e há ótimas entradas para compartilhar, como o mix de tomatinhos com stracciatella servido com discos de polvilho (R$ 78) e o carpaccio de vieiras fresquíssimas, que chega com chips de batata, emulsão de abacate e wasabi (R$ 82, 4 unid., R$ 104, 6 unid). Mas nem pense em dividir o ovo perfeito (R$ 56), que chega numa tigela, sobre espuma de cará, com redução de balsâmico e parmesão. A gema escorre, o creme de balsâmico dá força e acidez ao purê de cará, um espetáculo.

Os clássicos da casa estão todos lá, nhoque à carbonara (R$ 110), confit de pato ao molho de vinho tinto com arroz de beterraba (R$ 120), medalhão de filé mignon com molho Dijon e mandioca (R$ 120); linguine ao vôngole com pangrattato (R$10). Mas tem novidades interessantes como o camarão rosa grelhado, servido com brandade de palmito pupunha e espuma de salsão (R$ 168), ótima pedida.

O arquiteto Arthur Casas assina o projeto da nova casa em Pinheiros Foto: Taba Benedicto/Estadão

Na hora da sobremesa, vou ter que ser saudosista: mexeram no merengue de morango. O clássico e impecável morango com suspiro e chantilly (R$ 38), agora vem sobre um creme pâtissier… protesto! Mas o crème brûlée e o bolo de nozes seguem intactos.

Em breve, começa a funcionar também ali, do outro lado do lobby, a boulangerie Cha-chá, para almoços leves e rápidos, com saladas e sanduíches, sempre bem-vindos nas imediações da Faria Lima.

Rua Henrique Monteiro 154, Pinheiros. Diariamente no almoço, das 12h às 15h e jantar das 19h às 23h. Domingo só almoço

04/04/2024, | 14h30

Deli de Márcio Shihoma e Bia Limoni abre as portas na Vila Madalena

Torta pasqualina, bons sanduíches e empório são destaques da casa

Sou fã da Shihoma Pasta desde os tempos em que o Márcio Shihoma fazia massas na casa dele e vendia por assinatura, no auge da pandemia. O negócio bombou, a ponto de ter fila de espera, e, não sem motivo: as massas são realmente incríveis – minha favorita do delivery até hoje é o cappellacci de ossobuco (R$ 49), um dos melhores pratos da cidade. O delivery virou restaurante, arrebatou prêmios e vive lotado. Essa semana, Márcio, a sócia Bia Limoni e o chef, que também é sócio, Joy Lim abriram oficialmente a Shihoma Deli, na Vila Madalena. Paladar esteve lá em primeira mão.

A nova casa funciona no lugar do Lá da Venda, de Helô Bacellar. Logo na entrada tem um balcão repleto de embutidos artesanais da Meyer, da Jais e de outros pequenos charcuteiros; queijos paulistas – e um belo pecorino romano –; massas frescas feitas diariamente e molhos para viagem.

Nas prateleiras do empório há uma seleção de produtos importados e nacionais cuidadosamente garimpados pelos donos da casa: tem mostarda de cremona, aquela conserva de frutas picante que na Itália se come com queijos ou embutidos; tem colatura de alici (um tempero calabrês feito à partir do líquido resultante da preparação da conserva de alici). A linha de farinhas italianas têm rótulos específicos para fazer panetone, pão, massa, pizza…

Crostata de goiaba assada e geleia de goiaba, servida com chantilly e mascarpone Foto: John Alves

O restaurante acomoda 40 pessoas e tem um cardápio pequeno e tentador. O pão do dia vem com dois antepastos, que podem ser, por exemplo, caponata e brócolis com pesto de kale. São dois sanduíches clássicos, o de mortadela artesanal com pasta de pistache e stracciatella (R$ 45) é feito no schiacciata, um pão chato que lembra uma focaccia, porém mais fino e mais crocante. Chega quentinho, levemente tostado… E o caprese vem na ciabatta da casa (R$ 43).

Tem torta pasqualina, recheada com ricota, espinafre e ovo (R$ 28 a fatia) e uma milanesa de berinjela espetacular – ela é chamuscada na brasa, depois empanada e frita inteira. Vem com molho de tomate San Marzano, manjericão e queijo Tulha (R$ 52); O cardápio tem apenas duas massas, trenette al sugo di pomodoro (R$ 49) e rótulo recheado com ragu bolonhesa, molho bechamel e queijo Tulha. São duas saladas, entre elas uma caesar com missô e mel de cacau (R$ 42). Na sobremesa, torta de frutas (no dia da visita era de frutas vermelhas com mascarpone….) A crostata de goiaba assada e geleia de goiaba, servida com chantilly e mascarpone (R$ 28) é outra boa pedida. Ah, não deixe de levar para casa a sfogliatella com ricota doce (R$ 29). Tenho um palpite: a Shihoma Deli também vai ser um sucesso.

Rua Harmonia 161, Vila Madalena. De terça à sábado, das 09h às 17h, de terça à sábado


04/04/2024, | 11h21

Restaurante novo no Centro de SP

Cardápio do Virado privilegia pratos de alma e sabor paulistanos

Mais um restaurante no Centro que vale conhecer, o Virado abriu as portas no fim de janeiro. Com charme despretensioso e atmosfera contemporânea, ocupa o térreo do Hotel San Raphael, no Largo do Arouche, que em seus 70 anos, já hospedou Edith Piaf, além de ter sido a moradia de Roberto e Erasmo Carlos durante uma época.

Quem comanda as coisas ali é o jovem Benê Souza, de 26 anos, dono de largo sorriso e já uma bela trajetória, trabalhou no Maní por cinco anos e passou também pelo Taraz, no hotel Rosewood.

Beterrabas tostadas servidas no Virado, aberto no Centro de São Paulo Foto: Helena Rubano

A cozinha é oficialmente paulistana, mas o que se vê no cardápio variado são clássicos, como peixe à belle meunière (com manteiga, cogumelo e batatas confitadas, R$ 57), pratos inspirados na culinária de imigrantes, como o vitelo tonnato – que ali é feito com língua em vez de vitela (R$ 32); e receitas que ficaram na memória da família de proprietários do hotel, além de criações de sotaque contemporâneo, adquiridos no convívio com Helena Rizzo, Carol Albuquerque e Felipe Bronze. Bela oferta.

A carne cruda é uma ótima maneira de começar, cortada em cubinhos, temperada com azeite e limão e servida com pastéis de vento (R$ 40). Salada de vários tomates, ameixa, com molho suave de maracujá e mel de abelhas nativas, vem com folhas de manjericão e uma fatia de pão artesanal da Na Janela (R$ 36). Beterrabas tostadas com pistache caramelizado, hortelã, iogurte e pimenta jalapeño (R$ 36) disputam as atenções com uma delicadíssima salada de abobrinha crua, cortada em fatias finas, servida com queijo boursin, dill, semente de abóbora com especiarias e salsa verde (R$ 32)

Como principal, o arroz de lula, com aquela crostinha parecida com o socarrat espanhol e um sabor concentrado, é de raspar a panelinha (R$ 62). Entre outras pedidas, tem frango frito, rigatoni com ragu de linguiça, kafta.

Para encerrar, pudim de iogurte (R$ 22), bolo de chocolate com creme inglês e mel (R$ 22) e frutas com massa filo crocante, doce de leite e mascarpone (R$ 29).

Está faltando um virado paulista no cardápio, que o chef pensa em fazer, mas o nome do lugar é mais uma alusão à mistura do que se encontra em São Paulo do que ao prato que faz parte do patrimônio imaterial da cidade.

Ah a carta de drinques, assinada por Ingrid Shindo e Thatta Kimura é inspirada na miscigenação, com misturas como caju dentro (R$ 37), combinação de cachaça, cajuína, suco de limão.

Largo do Arouche, 150, Centro. Segunda à sábado das 19h às 23h@virado.sp




20/03/2024, | 22h00

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